IGP-M recua 0,14% em agosto, abaixo do esperado, aponta FGV

O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), conhecido como o indicador de calcula a inflação do aluguel,  registrou queda de 0,14% em agosto, após recuo de 0,72% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira (30). O resultado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters com analistas, de avanço de 0,15%, e levou o índice a mostrar queda de 7,20% em 12 meses, menos intensa que o recuo de 7,72% acumulado no ano findo em julho.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, reduziu a baixa para 0,17% em agosto, ante queda de 1,05% em julho.

“Os produtos agropecuários (de -1,87% para 0,02%) e industriais (de -0,75% para -0,24%) contribuíram para a taxa menos negativa do índice ao produtor”, explicou em nota André Braz, coordenador dos índices de preços. “Na parte agrícola, a maior influência veio da soja (de 0,03% para 5,63%) e, do lado industrial, do óleo Diesel (de 0,00% para 4,15%).”

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no índice geral, caiu 0,19% em agosto, abandonando alta anterior de 0,11%. A maior contribuição para esse resultado partiu do grupo Educação, Leitura e Recreação, que passou a cair 1,19% no período, contra alta de 1,15% em julho.

Entre os componentes do grupo, o destaque ficou para o item passagem aérea, que despencou 8,72%, frente a alta de 5,88% no mês anterior.

Enquanto isso, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,24% em agosto, ante variação positiva de 0,06% em julho.

“A taxa do INCC acelerou e foi outro destaque importante a contribuir para a queda menos intensa do IGP-M, sendo a mão de obra (de 0,38% para 0,71%) a principal contribuição para a aceleração deste índice”, explicou Braz.

Os dados do IGP-M foram divulgados após a leitura do IPCA-15 mais alta do que o esperado da semana passada ter indicado que a inflação brasileira já atingiu seu ponto mais baixo do ano, como era esperado.

Segundo Gênys Alves Jr. diretor da Alves Jr Consultoria Imobiliária,quando o IGPM apresenta variação negativa, isso geralmente indica uma queda nos preços de produtos e serviços que compõem o índice. No contexto do mercado de aluguel de imóveis, um IGPM negativo pode ter os seguintes impactos:

1. Reajustes Contratuais: Muitos contratos de aluguel utilizam o IGPM como referência para reajustes anuais. Se o IGPM é negativo, isso pode significar a manutenção dos alugueis que deveriam ser reajustados. 

2. Renda dos Proprietários: Proprietários de imóveis que dependem do aluguel como fonte de renda podem sentir um impacto negativo em sua renda total se o IGPM estiver negativo especialmente se os produtos e serviços que consomem forem reajustados por outros índices, como o IPCA que, neste momento, apresenta aumento da ordem de 4,00%.

3. Negociações Contratuais: Quando o IGPM é negativo, inquilinos podem sentir que têm mais margem para negociar com os proprietários, seja para obter descontos nos valores dos aluguéis ou para discutir condições mais favoráveis nos contratos.

4. Estímulo à Locação: Um IGPM negativo pode tornar a locação de imóveis mais atraente em comparação com outras formas de investimento, como aquisição de imóveis ou investimentos financeiros. Isso ocorre porque a queda nos valores dos aluguéis pode resultar em preços mais competitivos para os inquilinos.

5. Variação Regional: Os impactos podem variar dependendo da região geográfica e do mercado imobiliário local. Algumas áreas podem ser mais afetadas que outras, com base nas condições econômicas regionais e na oferta e demanda por imóveis.

6. Estímulo à Manutenção e Renovação: Proprietários podem estar mais inclinados a investir na manutenção e melhoria de seus imóveis como forma de atrair inquilinos, especialmente se houver competição no mercado devido à queda nos preços dos aluguéis.

7. Impacto na Inflação Geral: O IGPM é um dos índices que compõem o cálculo da inflação oficial. Quando ele é negativo, pode contribuir para uma redução na taxa de inflação geral, o que pode ter impactos mais amplos na economia e na política monetária do país.

É importante observar que os impactos podem variar dependendo das políticas contratuais, das negociações entre inquilinos e proprietários e das condições econômicas gerais do país.